quarta-feira, 3 de setembro de 2008

BOM, BOM NÂO FOI...

(a ser corrigido)


Outro dia, eu tirei a tarde para fazer algo diferente.
Ao invés de ter uma tarde comum e rotineira; calma e “trabalhosa” igual às outras, resolvi que era tempo de fugir das regras e me soltar...
Então, fui me encontrar com minhas 20 amantes secretas, assaltar uma Lan House após encher a cara de cachaça num boteco bem sujo, fui comprar medicamentos proibidos, fechar negócio com contrabando de armas nucleares da União Soviética, e aproveitei para dar uma passadinha na porta da igreja, onde gritei do lado de fora chamando o padre de “vigarista”, e ao vê-lo descer correndo a escadaria para procurar o blasfemo que o havia insultado, coloquei a pontinha do pé na frente, para me deliciar com a cena do “padre circence rolador de escadarias”.
Nossa Senhora !! (com todo respeito). Foi uma tarde e tanto!
Jamais me esquecerei da alegria dos mendigos bêbados, ao serem convidados para uma longa rodada de “Sbórnya” no sujo bar da esquina. (Quando eu era criança, sim, porque os mal-feitores inimigos da Lei também o foram, ou são, eu pensava que esbórnia fosse uma marca de cerveja, dessas que os adultos bebem e depois ficam fazendo bobagens...).
Também, ficará para sempre na minha memória, a cara de satisfação do Kowalski (talvez seja apenas o codinome dele) ao receber todo aquele dinheiro e ouro, em troca dos mísseis meio-empoeirados da extinta “Soviet”.
Igual satisfação, só vi no brilho dos olhos daquelas 25 (pensei que eram apenas 20, mas depois recontei...) “senhoras honestas” com as quais conversei e lhes dei sacolas de dinheiro roubado, que adquiri de uma Lan, a qual assaltei usando um alicate de unhas velho, só para humilhar...
Que tarde!!
Que vespertina esbórnia!
Além disso, morri de rir quando o Watanabe (japonês naturalizado irlandês) tentou me explicar num inglês carregado de “soutaq” (está escrito em francês pré-Gaullense para ter mais charme) australiano, que o carregamento de papoulas do Iran havia atrasado, por conta das fortes chuvas na Ásia... Ele começou com “Good Day”, que é usado na Austrália... talvez por culpa do com-fuso horário.
Enfim, foi uma tarde para ficar nos anais... (da história! Por favor, anais da história. Veja lá o que você está pensando. Exijo respeito.)

De repente, ao deixar a escada-rolante do Shopping, com quem me deparo?
Não. Não foi com representantes do forte-braço-da-lei.
Antes fosse, pois aí eu talvez tivesse chance de defesa.
Mas tamanha “sujidade” praticada, não mereceria contemplação.
Então, ao invés dos Federais, eu me deparei com Tia Conceição. Junto com ela havia “reforços”. Christina, estava com ela. Como se não bastasse, fui apresentado ao seu namorado e não consegui abrir a boca, sequer para dizer um “muito prazer”. Também sua irmã Maria estava lá para testemunhar o terrível flagrante. Eles todos tentaram conversar comigo, e eu sem emitir uma palavra sequer...
Minha boca se recusava a emitir qualquer som além do hum-rum.
Tudo bem, Francisco? Hum-rum.
Ta passeando aqui no shopping (na hora do trabalho, deve ter pensado ela) ? Hum-rum.
Oi, conhece meu namorado? Huuummmm.
Muito prazer! Hum-rum.
Não pode falar? (Perguntou Maria). E eu respondi: “hum-rum-rum”, balançando a mão pra enfatizar “mais-ou-menos”...

Que vergonha, fui pego com a boca na botija!
Mas pela minha boca cheia, parecia que era a botija que estava na boca.
Um líquido “amarronzado” e gosmento, insistia em querer descer por um dos cantos da boca, e eu preocupado: “Será que vão descobrir o que eu andei fazendo hoje?” pensava eu, enquanto uma pontinha de arrependimento começava a tomar vulto na minha consciência.
O que será de mim?, pensava eu naquele momento...
Como ficará minha reputação de “bobo-homem-de família”, depois desse episódio?

Infindáveis minutos depois eles se foram.
Passou a nuvem de desespero.
Foram embora sem que ouvissem de mim, nada além dos meus hum-runs.

... Ainda bem que até hoje, ninguém tocou neste assunto lá em casa.
Já pensou, se descobrem que ao invés de "uma tarde no paraíso", meu pecado havia sido ter colocado dois bombons e meio, de uma vez só na boca? E pior é que eu estava saindo justamente do consultório do Dr. Luiz, que está tentando me emagrecer há algum tempo?...
Aí sim, seria o caos!
Mas, por enquanto, estou a salvo.

Assim espero...