sábado, 24 de novembro de 2012

HÁ 43 ANOS! (ou, filho bonito tem muitos pais)



Hoje me lembrei do Zé Rodrix. Aquele pensador pré-gabrielense que nos anos 1970 até 2009 nos brindou com tanta filosofia musical que não dá pra esquecer...
Casa no Campo, Mestre Jonas, Ama teu Vizinho como a ti Mesmo entre muitas outras obras, sem falar do hino da transformação dos comerciais que mudou a forma das empresas verem e se relacionarem com seus clientes e consumidores: Só tem amor quem tem amor pra dar (Pepsi).

Mas a música que ficou hoje ribombando nos meus “tímpanos da memória”, foi aquela intitulada Gerações que diz: “de 20 em 20 anos aparece no mundo uma ideia nova; mas de 40 em 40 é que todas as ideias se repetem” [ http://letras.mus.br/ze-rodrix/#mais-acessadas/1410377 ] . Aqui presto uma pequena homenagem ao saudoso artista contando mais uma das histórias das minhas 50 vidas (nesta mesma vida) neste planeta.



Desde muito cedo, eu tinha muita vontade e absoluta certeza que seria piloto de Turismo* (só corri em pista quando tinha 49 anos e mesmo assim, fazendo 60% da temporada de 2003 por falta de patrocínio) e quase tudo que eu brincava e tudo que eu pensava estava relacionado com carros (e seus detalhes). Então em 1969, na minha adolescência antes de começar a fase de “pegar emprestado” o carro do pai, eu comecei a dirigir escondido a Rural Wyllis que era o 2º carro da família, no qual nosso motorista o “Seu” Plínio nos levava durante a semana para a escola, as compras, etc. Num determinado momento, contei ao Seu Plínio que queria retirar o silencioso da Rural pois eu gostaria de dirigir um carro com “ronco de carro de corrida” (na época, não atentei para a possibilidade de aumento de potência ao retirar a restrição aos gases) mas ele me aconselhou a não fazê-lo, porque toda a família utilizava o carro e com certeza meu pai brigaria com ele e comigo.

Pouco tempo depois, ele veio com uma ideia muito boa e disse que a colocaria em prática, se eu guardasse segredo. Claro que eu topei na mesma hora. A Idea consistia em pegar uma base de carburador velho com a “borboleta abre-e-fecha” e colocar na ponta de um pedaço de cano que seria soldado em um buraco a ser feito no escapamento da Rural antes do silencioso. Assim, quando eu comandasse de dentro do carro a abertura da borboleta, os gases encontrariam saída fácil pela passagem livre e sairiam com o barulho de descarga livre. Um detalhe muito interessante, é que ele bolou o sistema de abertura feita através de um cabo de aço (tipo cabo trançado de acelerador) que ficava bem rente ao banco do motorista e passava através de furo no assoalho até o engate da base do carburador. Na ponta dentro do carro, ele mandou soldar um pequeno “T” que servia para acionar com o dedo e também servia de limitador para o cabo não atravessar o chão da Rural. Assim, eu passei a ter meu primeiro carro “envenenado” (ainda que só dirigisse um pouquinho naquela época).

Agora mesmo, em novembro, vi no YouTube alguns filmes que mostram o mesmo sistema como sendo uma grande novidade, só que na versão 2012 com acionamento elétrico/eletrônico mas com o mesmo princípio de abertura de borboleta em um cano em forma de “Y” colocado antes do silencioso. Os mais sofisticados são acionados por um botãozinho (JPEG 1) e os mais simples de forma manual por cabo de aço (JPEG 2). Existem também mais simplórios ainda que utilizam registros usados em instalações hidráulicas de construção civil abertos por comando na própria peça para o qual se tem que entrar debaixo do carro (JPEG 3). Pesquisando na Internet, li num fórum de “opaleiros” de uma cidade de São Paulo, que um dos membros dizia ser o inventor da “geringonça” há poucos anos (uns 2 ou 3 anos) e que se sentia roubado pelo fato de seu invento estar sendo comercializado por uma firma. Acontece, que nos Estados Unidos já estão sendo fabricados por diversas empresas.

Mal sabem eles que de 40 em 40 anos as idéias se repetem, e que o verdadeiro pai da invenção se chamava Plínio.
... Há 43 anos!



*Categoria de carros de rua apenas modificados para correrem nas pistas.