terça-feira, 31 de agosto de 2010

Meu Local de Trabalho

Janeiro 2001

Ah esse lugar tão sombrio, frio e insensível, onde passo meus maiores dias.
Lugar que me recebe de portões fechados, cheio de paredes úmidas e muros impuláveis...
Com situações difíceis e encrencas impossíveis.
Quando aprendo a decifrar um enigma, outro lhe sucede cada vez mais complicado.
Parece que meu local de trabalho não gosta de mim. Ele só recebe, na sua maioria, pessoas que vão me imprensar e cobrar atitudes e respostas as quais não posso ter.
De tão aberto e ventilado, me parece o pátio de um manicômio antigo.
De tão fechado e sombrio, me parece o já tão merecido cárcere mental que, repleto de charadas, me faz lembrar um labirinto de tarefas e prioridades como num jogo onde meu futuro e minha própria vida estivessem correndo risco constante.
Quanto suor, quanta arritmia, quantas mãos geladas, soluços presos na garganta. A despeito dos raros momentos de oásis, sofro a percepção de que assim é a vida. Encrencas gigantes, cobranças constantes...
Ah minha vida; ah meu local de trabalho... Como vocês se parecem ! As soluções devem estar lá fora, em algum lugar longe ou perto, mas fora de vocês.
Fora de vocês a solução e o alívio. Um pouco mais adiante de seus muros, o descanso.
Não precisarei mais tentar ser bom. Nem ter que ter soluções para tudo. Poderei descansar e ser eu mesmo.
Quem sabe chegará esse dia ? E nesse dia, quem sabe ?...