sábado, 1 de março de 2014

Não tem como não te valorizar

Quando a gente pensa num amigo, geralmente se lembra de bons momentos, de fases da nossa vida, ou até mesmo de bons conselhos que recebemos deles.

É claro, que a vida não é só feita de bons momentos. Às vezes a gente chora, sofre e até se desespera... Mas tendo um amigo por perto, se pode sobreviver e esperar a esperança voltar.

Eu tenho um amigo chamado Afonso Leite. Aliás, pouquíssimos amigos eu tenho (sou bastante esquisito e não sou dado a fazer amizades facilmente). E desse amigo, tenho muito boas lembranças e histórias.

Quando eu tinha um kart (Honda 13HP) e treinava sem sequer conseguir índice para participar de uma corrida de verdade, ele me disse o seguinte:
“- Cisco. Vende o kart e vem correr de carro que eu te apresento umas pessoas legais que poderão te dar uma força”.

Com várias ajudas, consegui sair do kart e pular pra um Voyage pra correr na segunda divisão. Realmente, o cara além de bem relacionado, se desdobrou para me ajudar.
E conseguiu nada menos do que me incluir no vácuo da equipe do Marquinhos Mastropietro, pra quem não sabe, é o melhor preparador de carros e mais vitorioso chefe de equipe da Categoria Turismo no Rio de Janeiro. (Quem diria... eu, um simples e pobre mortal, correndo em Jacarepaguá. E com carro preparado pelo Marquinhos!)!

Por “verba insuficiente”, consegui fazer apenas 6 corridas (das 10) em 2003, conseguindo alguns quintos e sextos lugares nas corridas, ficando em 10º lugar no final do Campeonato (competindo com mais 19 “feras”) [outro dia eu conto detalhes].

Em dezembro daquele ano, tive uma oportunidade muito boa de subir ao podium para receber um troféu de 3º colocado na corrida preliminar da Copa Petrobras de Pick up Racing. Nós do Rio de Janeiro, abrimos a corrida e mais tarde entraram as picapes. Mais de 10.000 pessoas assistiram meu carro quebrar, eu mesmo na pista dar uma “remendada” no acionamento do carburador, e chegar em terceiro...


Com essas e outras lembranças de coisas que mudam a vida da gente (a minha mudou), é que costumo pensar no Afonso. Com reverencia e admiração.



É isso aí, amigo Afonso.
Feliz aniversário hoje!!

sábado, 4 de janeiro de 2014

O SACO !


No início dos anos 70, fui comprar um carro zero Km.


Naqueles dias, talvez por ser quase final de ano, não tinha o modelo e a cor que eu desejava em nenhuma agência nem concessionária do Rio de Janeiro.

Depois de visitar ou ligar para todas, consegui encontrar numa autorizada no subúrbio, então lá fomos nós, eu e meu amigo Silvio ambos de calça jeans surrada, camiseta Hering não-muito-nova, eu de tênis velho e ele de sandálias Havaianas (ambos com grande cabeleira, como era costume para jovens naquela época).
Paramos o carro (antigo), entramos no salão de vendas e procuramos pelo “nosso contato” o qual havia me atendido muito cordialmente por telefone.

Após me apresentar, o sujeito nos olhou (eu e o Silvio) e...

... virou para o lado e pegou o telefone para ligar para alguém sem sequer nos mandar sentar ou dizer: “ - peraí um instantinho que já vou lhe atender” .
Após a primeira ligação, veio a segunda.
Depois veio a terceira.
E nós ali de pé feitos dois “num-sei-o-quê” durante muitos minutos.
Em seguida ele parou e olhou para nós.
Aí pensei: “- Agora é minha vez”.

E não é que o danado voltou a pegar naquele maldito aparelho e ligou para a quarta pessoa !!?


Eu que normalmente não sou dado a bate-bocas nem discussões, comecei a ficar “aquecido” por dentro, e quando meu termostato interior apitou, peguei a sacola de papel pardo das Casas da Banha, a qual estava cheia de dinheiro vivo (como peixes recém-pescados pulando na rede!), enfiei na cara dele (com telefone e tudo), ao mesmo tempo que dizia: “ - Tô com muito dinheiro aqui. Se não quiser me atender, vou comprar noutro lugar!”

O cara ficou transparente. Botou o telefone no gancho; pediu desculpas, ofereceu cadeiras e cafèzinho.


Só não fui realmente comprar em outro lugar, porque não tinha aquele carro em mais lugar nenhum.



Alí aprendi como tem pessoas que julgam por aparência, e como o poder do dinheiro transforma “um garoto simples, comum e mal vestido”, num cliente VIP.

Como é triste saber disto.


... Mas como foi divertido fazer aquilo.
Rimos deste episódio até hoje.

Sim. Até hoje!

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