segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Numa Sexta-Feira Qualquer, Uma Sexta-Feira Marcante

Várias tribos se reuniam no Alto da Boa Vista nas noites de sexta-feira.


Uns iam para o mato, para acenderem seus cigarros diferentes e depois curtirem os carros (ou discos-voadores).

Alguns iam para estarem “por cima da onda”, pois todo garoto tijucano com mais de 15 anos devia estar assistindo o pega quando a polícia chegasse baixando o cacete, para contar na praia sábado e segunda-feira na escola.

Outros ainda, gostavam de ver as máquinas muito rebaixadas, com rodas largas e motores envenenados desfilando para cima e voando para baixo na pista improvisada que era aquela avenida. E eu, é claro, fazia parte deste último grupo.

A curva da Cascatinha era o ponto alto da concentração. De um lado e do outro da pista, a galera se amontoava e fazia a maior algazarra quando entravam dois ou mais carros grudados e “voando baixo” fazendo seus roncos e pneus gritarem mais alto que o barulho da garotada que assistia. Era arrepiante! O barulho das descargas chegava antes de vermos os carros pois o circuito era (e ainda é) cheio de curvas.

Poucas vezes eu descia o Alto nas noites das sextas-feiras. Normalmente minha turma era mais seletiva, e brincávamos todos os dias na parte da tarde, quando o movimento de carros era pequeno (naquela época) e não tinha “platéia” (que era mais para exibicionistas e “amadores”).

Em 1973, eu tinha um Karmann-Ghia vermelho que comprei do Alexandre B. Santiago. O carro já era bem bonito com as rodas de Puma e os grandes faróis de milha Oscar, mas eu o rebaixei mais ainda e mandei pintá-lo em estufa na oficina do Rudí, que era especialista em carros importados que o deixou com a pintura mais brilhante que a pintura de fábrica.

... E, numa sexta-feira qualquer, tinha acabado de buscar o carro no representante Puma (Lemos e Brentar) do Jardim Botânico, onde tinha mandado fazer um motor Puma 1.9 com pistões grandes, eixo de maior curso, trocado os 2 carburadores originais por dois de Opala, e outras coisinhas mais (se quiser a receita completa, é só me escrever), quando a noitinha tinha decidido amaciar o motor, passeando devagarinho... aonde?

Exatamente! No Alto da Boa Vista.

O plano inicial era eu e meu amigo Beto passarmos devagarinho pela galera exibindo a beleza do carro brilhando super-baixo e com as rodas com as beiradas polidas (naquela época as rodas de magnésio eram foscas, e só 1 ou 2 anos mais tarde inventaram polimento para rodas de liga e quem queria que suas rodas brilhassem nas beiradinhas, tinha que polir “no braço” e mesmo assim, o brilho não durava 24 horas) e depois seguirmos para a Zona Sul, fazendo quilometragem de amaciamento do motor.

Mas quis o destino (sempre ele) que logo no início da subida, eu fosse ultrapassado por nada menos que o Mustang Mach 1 amarelo com motor V8 de um cara conhecido como Pêpe. Ele vinha bem rápido e quando eu vi aqueles faróis no meu espelho, ele já estava do lado me ultrapassando. Claro que não gostei, e bastou um pequeno incentivo do Beto dizendo: “Cola nele! Cola nele!” que eu na mesma hora esqueci a recomendação de amaciar devagar aquele motor, e reduzi a marcha enfiando o pé no acelerador. O contagiros logo piscou avisando que havia chegado o limite de 6.000 RPM mas estiquei até 6500 e tome marcha pra cima. Como o Mustangão não era tão bom de curva apertada quanto o pequeno Karmann-Ghia 1.9, em apenas duas ou três curvas eu estava com o bico literalmente enfiado embaixo do pára-choque daquele enorme e oscilante Veoitão. Eu só via o painel traseiro dele com as luzes de freio se acendendo antes de eu precisar frear. É lógico que o V8 tinha mais torque e poder de retomada, mas eu por conhecer a pista como a palma da minha mão, e a ajuda imprescindível do meu “cadeira 2” avisando se vinha carro descendo ou não para eu poder cortar as curvas com tangência além disso o fator surpresa eu-não-sabia-que-um-carrinho-desses-podia-grudar-na-traseira-do-meu-Mach1, fez com que num vacilo de tangencia onde o grandalhão escorregou mais do que o normal para fora da curva, eu devolvesse a ultrapassagem por dentro e fosse abrindo dele aos pouquinhos até a pracinha do Alto onde a gente fazia a volta para descer detonando. Ufa! Deu trabalho!

Na descida, voltei meio devagar com um gigantesco sorriso (mais na alma do que no rosto), e vínhamos conversando a respeito de amaciar o motor ou não, quando ao começarmos a contornar a curva da Cascatinha, ouvimos “aquela barulheira”. Era a vibração do pessoal que tinha assistido a uma incrível cena de um pequeno (e lindo) Karmann-Ghia “empurrando” um Mustang, e o pior, na subida!! E não era um Mustang qualquer (daqueles 6 cilindros), mas um Mach1 que era top dos V8 e ainda por cima era do Pêpe, que costumava fazer “gracinhas” como cantar muito pneu nas arrancadas e nas saídas de curvas, fazendo a maior gritaria de pneus e fumaceira.

Pois bem, a galera vibrava e fazia muito barulho demonstrando a alegria de ter assistido àquela impagável cena. (Hoje imagino Davi derrotando Golias).

Não precisa dizer que logo logo fiquei conhecido nas ruas da Tijuca, aliás eu não, mas o Karmann-Ghia vermelho bom de aceleração.

Foi muito legal essa noite. E hoje (40 anos depois) ouvindo rock’n’rolls antigos, lembrei deste dia que ficou marcado para sempre.





Uma vez perguntaram ao Nelson Piquet se ele tinha frustração por nunca ter guiado uma Ferrari de fórmula 1 (eu vi essa entrevista) e ele parou e pensou... e, respondeu o seguinte:

“- Muito melhor que guiar uma Ferrari de fórmula 1, é vencer uma Ferrari na fórmula 1!”

Entendo bem o que ele quis dizer. É claro que entendo!!...



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sábado, 26 de janeiro de 2013

Feliz Ano Novo

Hoje lembrei que me falaram que no ano novo tudo iria melhorar.

...Ainda bem que só faltam 11 meses!!


!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Aos Poucos me Tornei um Bife

Sempre ouvi dizer que a gente é o que a gente come.
Sinceramente, sempre achei exagero.

Mas aí passei a prestar mais atenção no que comia e reparei que duas ou três vezes por semana, servem bife no almoço no meu trabalho.

Pelo corredor do hospital dá pra escutar os trabalhos da cozinha, socando e esmurrando a pobre da carne, que não é de primeira, até ela ficar mais macia. O coitado do bife apanha até confessar que foi o mentor do mensalão.




Hoje em dia quando paro pra meditar e vejo o quanto tenho apanhado da vida, sinto que estou me transformando num daqueles bifes...

Nervoso. Porém mais macio!